Após o Governo Federal anunciar o lançamento da obra de construção da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), que terá o investimento de R$ 2,7 bilhões, previsão de gerar 4,6 mil empregos e 383 quilômetros (km) de extensão, ligando Mara Rosa a Água Boa, em Mato Grosso, o empresário Heckel Pedreira elogiou o presidente Jair Bolsonaro pela medida e afirmou que, em um país continental como o Brasil, o transporte ferroviário deveria ser enfatizado.
“Desde Juscelino Kubistchek, a logística no Brasil é sobre rodas. Isso é um absurdo. Se usou a questão do transporte rodoviário para desenvolver indústrias automobilísticas. Mas em um país continental como o Brasil, você não ter trilhos, não ter transporte ferroviário é um crime. Além disso, também se relegou a último plano a navegação de cabotagem. O mundo inteiro funciona transportando cargas no mar. É o transporte mais barato que existe. Depois você vem para o ferroviário, que é intermediário entre o de cabotagem e o rodoviário, é mais rápido do que o marítimo, do que o rodoviário, só que não tínhamos trilhos no Brasil. Detalhe: os trilhos eram direito apenas do governo. Então, a América foi toda colonizada sob trilhos, você roda a Europa todo sob trilhos, sejam cargas ou passageiros”, disse o empresário.
Heckel ainda criticou a falta de integração das obras de mobilidade. Para ele, se fosse decidido pela integração de sistemas, os custos das obras e de manutenção dos equipamentos seriam menores do que são hoje com a diferenciação de tantos modais.
“Agora que nós começamos a ter o transporte rodoviário de carga sob trilhos, precisamos ter o transporte ferroviário de passageiros. Temos até os metrôs, agora imagine se nós pudéssemos ter também o transporte de passageiros sob trilho? Outra loucura em nosso país: você faz modais que estão sob trilhos, mas que não se comunicam, as bitolas são diferentes e isso não permite a integração dos sistemas. Nós estamos muito atrasados. O negócio de logística no Brasil é utilizado por políticos corruptos para negociar contratos. Se você tem dois ou três modais, isso requer equipamentos diferentes, oficinas diferentes, peças de reposição diferentes e essas questões só aumentam os custos para a população. Político não pensa em custo. É por isso que o nosso país não se desenvolve”, completou.
A nova ferrovia será importante para o agronegócio do Centro-Oeste, que praticamente não conta com modal ferroviário na logística de escoamento da produção. Em Mara Rosa (GO), a Fico se conectará à Ferrovia Norte-Sul, considerada a espinha dorsal do sistema ferroviário nacional, e que ligará o Porto de Itaqui, no Maranhão, ao Porto de Santos, numa extensão de mais de 4,5 mil km.
Para o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, o modelo de investimento cruzado foi determinante para a viabilização do empreendimento. E segundo ele, vai ajudar a impulsionar ainda mais a construção de mais ferrovias no país.
“Esse modelo é criativo. É sinônimo de qualidade, é certeza de sucesso, a ferrovia é do Estado. A gente vai fazer o leilão da operação, e aí vamos auferir uma nova outorga, e vamos investir esse dinheiro em mais ferrovias”, disse o ministro.