Dirigentes de partidos de centro e centro-direita que buscam alternativa em 2022 a Jair Bolsonaro (sem partido) e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dizem que o ex-juiz Sergio Moro pode até ter mais visibilidade na chamada “terceira via”, mas é uma incógnita, o que dificultaria alianças eleitorais.
O diagnóstico é que, após a eleição de Bolsonaro, as legendas estão receosas de apostar em nomes cuja trajetória política seja desconhecida.
Dois outros fatores aumentam a desconfiança desses dirigentes em torno do ex-magistrado: ter abandonado a carreira de juiz para se tornar ministro de Bolsonaro e entrar na política; e ter sido considerado parcial pelo STF (Supremo Tribunal Federal) à frente dos casos de Lula na Lava Jato.
Ex-titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, Moro era responsável pelos processos da Lava Jato e abandonou a carreira para se tornar ministro da Justiça.
Um ano e quatro meses após assumir o cargo, em abril de 2020, o ex-juiz pediu demissão por discordâncias com o presidente.
Bolsonaro prestou depoimento à PF na quarta-feira (3) passada e afirmou que Moro havia concordado com a mudança no comando da corporação em troca de ser indicado ao STF. O ex-juiz negou as acusações de Bolsonaro e disse que não troca “princípios por cargos”.
Neste ano, Moro já sofreu uma dura derrota no Supremo, que o considerou parcial nas ações em que atuou como juiz federal contra Lula. A decisão da corte terminou por anular as ações dos casos tríplex, sítio de Atibaia e Instituto Lula pela Lava Jato
A defesa de Lula apontou uma série de atitudes do então juiz como justificativas para o pedido de parcialidade.
Dentre elas, a condução coercitiva sem prévia intimação para oitiva, interceptações telefônicas do ex-presidente, parentes e advogados antes de adotadas outras medidas investigativas e divulgação de grampos.
O fato de Moro ter aceitado convite de Bolsonaro para assumir o ministério também foi relevante para a decisão do STF.
Com informações da Folhapress